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Exclusivo: Steve Nash fala sobre Doncic, legado de Curry e sua relação com o futebol

Nash em jogo do Pheonix Suns em 2023
Nash em jogo do Pheonix Suns em 2023Christian Petersen / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
Nos anos 2000, não houve muitos jogadores mais influentes na NBA do que o armador Steve Nash. Em entrevista exclusiva ao podcast tcheco do Flashscore, o ex-jogador falou sobre a polêmica ida de Luka Doncic para o Lakers, sua relação com o Tottenham e muito mais.

Nash foi um dos armadores mais produtivos de sua geração e, apesar de seu tamanho "diminuto" para a NBA (1,91 metro de altura), não o impediu de ser eleito duas vezes seguidas o MVP da liga.

Atleta do Hall da Fama, ele inspirou muitos que não se enquadravam no estereótipo de um jogador moderno, e um dos que agora estão fazendo sucesso é o astro esloveno Luka Doncic.

Doncic enfrentando seu ex-time
Doncic enfrentando seu ex-timeProfimedia

Sua transferência do Dallas Mavericks para o LA Lakers em janeiro pegou todo mundo de surpresa, inclusive Steve Nash. "Acho que todo mundo ficou chocado. É claro que eles fizeram um trabalho incrível, especialmente na era atual em que é preciso manter a discrição", disse ele.

"Isso definitivamente muda o cenário da NBA e da Conferência Oeste. Você tem um jovem jogador entrando em seu auge e espera-se que ele permaneça lá por um mínimo de cinco a 10 anos", explicou.

Desde que se mudou para o Lakers, Doncic causou impacto, vencendo seus últimos cinco jogos, mas seus números individuais estão um pouco abaixo das estatísticas com o Dallas nesta temporada. Nash acredita que a troca não torna Los Angeles automaticamente favorito nas finais.

"Acho que eles têm uma chance. Eles abriram a porta para se tornarem candidatos, mas há muita coisa que precisam resolver", afirmou o ex-Laker.

"Eles estão apenas começando a jogar juntos. Você tem dois jogadores que são realmente muito parecidos. LeBron (James) e Luka, ambos são atacantes que criam jogadas", acrescentou.

LeBron em ação pelos Lakers nesta temporada
LeBron em ação pelos Lakers nesta temporadaAFP

"Eles são mais ou menos alas. Então, estou tentando fazer com que todas essas peças se encaixem, tentando fazer com que a defesa deles seja sólida. Eles são um pouco magros na posição de pivô, mas têm um ótimo tamanho posicional", contou Nash.

"É difícil, em um curto período de tempo, encontrar essa conexão, essa semelhança, esse entendimento e essa maneira de jogar."

De jogador a técnico

Além de jogar pelo Lakers, Nash teve suas temporadas de maior sucesso com o Phoenix Suns - onde ganhou seus dois prêmios de MVP. Depois de se aposentar, o célebre jogador não abandonou o esporte, assumindo cargos na seleção canadense e no Golden State Warriors antes de se tornar o técnico principal do Brooklyn Nets.

Nunca longe das quadras, Nash valorizou seu tempo dentro da organização do Warriors: "Eu realmente gostei de observar, ouvir, compartilhar e ajudar onde me pediram naquele grupo. Foi uma grande oportunidade para mim ver um momento especial em nossa liga, em que uma equipe surgiu jogando mais curto, acertando mais arremessos de três e sendo muito influente no esporte. Então, sim, foi definitivamente um momento incrível para mim vivenciar com aquele grupo de pessoas."

Uma das estrelas dessa equipe continua sendo Steph Curry. O tetracampeão da NBA tem sido um dos ícones do esporte nos últimos 15 anos e, aos 36 anos, mostra poucos sinais de desaceleração.

Nash, que trabalhou com Curry durante seu tempo no Warriors, acha que Curry, apesar de todos os elogios que recebeu ao longo dos anos, ainda não ganhou o crédito que deveria.

"Acho que, de certa forma, ele é subestimado. O impacto dele no jogo, a nova maneira como ele conseguiu ser MVP e ser campeão, arremessando bolas impossíveis em uma porcentagem alta, a maneira como ele impacta as defesas mesmo quando não está com a bola, é demais", opinou o ex-atleta.

"Ao mesmo tempo, ele não é fisicamente imponente como alguns dos outros grandes jogadores. Ele não mede 1,90 m, como Magic (Johnson) ou (Larry) Bird. E ele não é um atleta explosivo de elite como Michael Jordan ou Kobe. Portanto, é difícil dizer em que posição ele se encontra, mas posso dizer que seu impacto está muito, muito acima de quase todos que já jogaram este esporte. Acho que a maximização de seu talento é simplesmente incrível", resumiu.

Da África para a NBA

Nash não é um jogador típico da NBA em mais aspectos do que apenas sua altura. Nascido na África do Sul e criado no Canadá com pai britânico, a lenda dos Suns tem uma das histórias mais singulares do esporte. 

Ele jogou ao lado de Dirk Nowitzki - um atacante nascido na Alemanha - no Dallas. Nowitzki foi considerado um pioneiro na transferência de jogadores de basquete europeus para a NBA e uma inspiração para jogadores como Doncic e o atual MVP Nikola Jokic.

Sobre o alemão, Nash contou que "ele teve uma grande influência sobre os jogadores europeus ou estrangeiros, mas também sobre o jogo em geral, como, por exemplo, ele é um dos principais responsáveis por essa revolução de ter cinco arremessadores em quadra".

Nash contou que Nowitzki "mostrou uma geração que não é preciso se encaixar no perfil posicional tradicional. Acho que todos entraram na liga e disseram: 'Bem, ele é um jogador de dois metros que não consegue se posicionar bem, mas ele consegue arremessar, consegue se posicionar nos postes médios a partir dos cotovelos. Ele consegue se isolar e sempre consegue um arremesso da linha de fundo ou de áreas intermediárias'".

Torcida pelo Tottenham

Desde que deixou as quadras, Nash também tem se ocupado com outros esportes. Torcedor de longa data do Tottenham Hotspur, ele também se tornou sócio-proprietário do Mallorca, clube da LaLiga

Seguir o Spurs lhe proporcionou momentos inesquecíveis ao lado de sua carreira histórica, mas como eles se comparam emocionalmente?

"Definitivamente, chorei na TV nos Estados Unidos quando o Spurs venceu o Ajax na semifinal da Liga dos Campeões, o que foi constrangedor. Acho que naquele momento, não sei se vocês se lembram do jogo, Lucas Moura marcou três gols para voltar a vencer em Amsterdã. E, sabe, a natureza dramática disso, honestamente, eu amo, amo meu clube, mas nunca pensei que veria o Spurs em uma final da Liga dos Campeões", contou Nash.

"Conseguir aquilo de forma dramática como aquela, acho que também foi nostálgico para meu pai, meu irmão, meu avô, meus primos, o que isso significa e como isso nos conectou por 50 anos. Foi muito emocionante nesse sentido, mas eu nunca pensei ou nunca tive consciência de como você se sentiria porque há algo que o une durante toda a sua vida. Então, sim, fiquei bastante emocionado", lembrou.

"Na NBA, uma ou duas vezes você se emociona e não chega às finais, perde nas finais da conferência, sente que decepcionou sua equipe como líder e não encontra uma maneira, nem mesmo jogando bem, mas não encontra uma maneira. E isso também pode ser bastante emocional. Então, sim, vida longa ao esporte, sabe, é ótimo", concluiu.

Confira a entrevista completa com Steve Nash (em inglês) abaixo:

Entrevista completa do Livesport Daily com Steve Nash
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