O sonho de ser um jogador profissional está presente dentro de cada um, e também nos familiares e responsáveis pelas carreiras que estão apenas começando, com o mundo da bola ainda a apresentar realidades duras e conquistas prazerosas.
O talento precoce faz com que as brincadeiras e a responsabilidade por tirar notas boas na escola, ainda em idade primária, sejam divididas com a rotina de treinos e jogos, além da missão de corresponder dentro de campo para fortalecer os sonhos do atleta. Os responsáveis por cuidar do início da carreira destes jovens garantem que o cuidado existe para que etapas não sejam atropeladas.

"Já tivemos contatos de vários agentes, muitos de renome. Mas o que faz a diferença não é o status, mas sim o abraço fraterno de quem vê que o atleta é um ser em fase de desenvolvimento psicossocial e que a presença e segurança da família é muito importante nesta fase", comenta Alesandro de Souza Coátio, pai do jovem Coátio, de apenas 11 anos, que defende o Atlético-MG.
"O agente precisa ser uma pessoa próxima, comprometida e que integre a família como sendo um membro dela. O que não quer dizer que não precisamos de e financeiro. Precisamos sim, mas o e é somente um dos quesitos analisados no momento da escolha", indica.
Colocando os jovens em evidência
Madelon Aguiar é uma das responsáveis por gerir a carreira do atacante, que começou a chutar bolas aos 4 anos no Distrito Federal. O talento fez logo grandes clubes, como Grêmio, Fluminense e Cruzeiro, mostrarem interesse no jogador, que acabou acertando com o Atlético-MG, graças aos contatos da agente.

"Acho que por ser mulher, esta relação se torna fraternal. Uma relação de mãe, de tia. Pelo meu jeito com os meninos, alguns pais me indicam para outros. Tenho um parceiro técnico que faz, pra mim, a validação da qualidade do jovem. É um trabalho de quatro mãos, com respeito, carinho e muita responsabilidade", pontua.
"Levo em conta onde o jovem vai se sentir feliz, sem esquecer que ele ainda faz parte de um mundo ainda muito lúdico. É importante que ele esteja onde se sinta bem. O maior desafio é não ultraar a linha tênue entre atuação do agente e a presença da família. Essa se torna a nossa maior virtude, pois os pais se sentem seguros, facilitando a interação.", explica.
Por serem menores de idade, os jogadores não podem ser contratados. O que existe são condições negociáveis entre agente e clube. "Aos 16 anos, quando podem se profissionalizar, muda o cenário. A dos pais constam nos contratos que são registrados na CBF. É gratificante ver e fazer parte da evolução do menino e atleta", comenta Wagner Ribeiro, agente experiente com muitos anos de trajetória, que hoje foca em jovens da base depois de sucesso ao lado de referências como Robinho, Neymar e Kaká. Recentemente, Wagner concedeu entrevista exclusiva ao Flashscore falando deste mercado e de alguns dos momentos mais importantes da sua carreira.

Talento chama atenção da Adidas
Madelon também ajudou na transferência do meia Dom Cândido Carneiro, de 8 anos, para o Galo, vindo de Brasília. Ele apareceu no futsal antes de rumar para os gramados, despertando interesse de clubes como Cruzeiro, Corinthians, Santos, São Paulo e Palmeiras. Logo após fechar com o clube mineiro, Dom foi procurado pela Adidas Brasil para fechar acordo de patrocínio.
O interesse da gigante alemã mostra o potencial do garoto, com os pais tendo a missão de deixar o filho bem afastado de qualquer tipo de pressão, por mais que uma futura transformação na vida da família seja bem-vinda.

"Não colocamos essa responsabilidade nele, nós, adultos e pais, somos os responsáveis pela educação, pelo amor e toda parte financeira. Não somos ricos e essa responsabilidade não destinamos a ele. Privamos o Dom de muitas informações que não condizem com sua idade", garante a mãe, Juliana Carneiro dos Santos Cândido.
"As prioridades são a escola, a religião e buscar sua formação integral. Buscamos ferramentas para melhorar seu desenvolvimento no campo, na parte mental e emocional. Ele tem tido e nutricional, tudo isso alinhado a faixa etária e sem esquecer que ele ainda é uma criança. Nada é feito sem o nosso conhecimento e consentimento", reforça.